3 ETFs para você investir AGORA e os efeitos do mês de abril
Sobrevivemos ao mês de abril. Ibovespa chega próximo das máximas. E o que vem pela frente?
Abril de 2025 vai entrar para os livros como um dos meses mais turbulentos dos últimos tempos.
A reestreia de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos está longe de ser discreta.
As tarifas recíprocas anunciadas no início do mês colocaram o mundo em alerta máximo e os mercados sentiram o baque.
Com o Brasil não foi diferente.
A ideia desse artigo é costurar todos esses pontos para os meus dois leitores assíduos entenderem o que está por trás dos números, e, claro, o que você pode fazer com seu dinheiro diante disso tudo.
A tempestade tarifária
Tudo começou com o que foi chamado de "Liberation Day", bastante debatido aqui nesse canal: Trump anunciou um novo pacote de tarifas de importação usando uma fórmula bizarra baseada em um artigo obscuro para tentar equilibrar déficits comerciais bilaterais, uma ideia que David Ricardo matou ainda no século XIX.
Talvez até Guido Mantega tenha invejado a iniciativa de Trump.
Mas e o resultado de tudo isso?
Tarifa média nos EUA saltando de 2% para mais de 20%.
O mercado entrou em pânico.
O S&P 500 chegou a cair 14% em poucos dias.
Mas o que realmente assustou Trump não foi a bolsa.
Foi o que aconteceu com o mercado de Treasuries (títulos públicos americanos) e o dólar: fuga de capitais, taxa de juros de 10 anos disparando para 4,5% e dólar caindo até frente a moedas emergentes.
Dólar R$ 5,62 no momento em que escrevo esse artigo, depois de termos visto a taxa em R$ 6,20 final do ano passado.
A perda de credibilidade foi tão grande que, por alguns dias, os Estados Unidos começaram a ser tratados como um país emergente pelos investidores internacionais.
Nada mal para 100 dias de governo Trump.
Ainda assim, o estrago está feito.
O FMI reduziu sua projeção de crescimento global de 3,3% para 2,8%. Estima agora 40% de chance de recessão nos EUA. O mundo não está em crise, mas está com medo.
Aliás, para o investidor mais ansioso, se tem uma hora em que você não deveria tentar achar a próxima ação que vai explodir, é agora.
Em vez de procurar a agulha no palheiro, por que não investir no palheiro inteiro?
ETFs são uma forma inteligente de diversificar sem complicar.
Meu amigo Marcelo Fayh preparou um relatório com 3 ETFs para atravessar esse cenário. Você pode acessar aqui gratuitamente.
E o Brasil nisso tudo?
Em meio a esse caos, o Brasil está fazendo o que sabe: tentando crescer no grito.
O PIB continua projetado em 2% para 2025, mas há chances de revisão para cima por causa de três medidas recentes do governo:
Liberação do saque-aniversário do FGTS para quem foi demitido entre 2020 e 2025.
Mais verba para o Minha Casa Minha Vida.
Novo crédito consignado para trabalhadores privados.
Juntas, essas medidas devem adicionar até 0,6 ponto percentual ao PIB, mas não se engane.
Isso é um estímulo não sustentável, que vem com um custo: mais pressão sobre os preços e mais dificuldade para o Banco Central cortar juros.
A inflação medida pelo IPCA-15 (prévia de inflação do mês de abril) veio em linha com o esperado, mas ainda pressionada: 5,49% acumulado em 12 meses.
A Selic, que já está em 14,25%, deve se aproximar ou bater os 15% em junho e seguir nesse patamar até o fim do ano.
E isso significa um Brasil caro para financiar, caro para consumir e ainda vulnerável ao que acontece lá fora.
Por isso insisto que investir de forma inteligente é questão de sobrevivência.
E ter exposição ao que está funcionando — seja fora do Brasil, seja em setores que se beneficiam de juros altos — pode ser mais fácil do que parece.
O relatório com os 3 ETFs do Fayh mostra como você pode fazer isso sem precisar virar um analista.
O governo na corda bamba
Enquanto o Banco Central tenta manter o controle, o governo vai acelerando com o freio de mão puxado.
Lula insiste em manter ministros desgastados, como Carlos Lupi, mesmo em meio a polêmicas.
Sua popularidade caiu e agora parece estagnada num platô desconfortável.
Para tentar recuperar apoio, o Planalto está apostando em medidas populistas, como ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda — algo que pode até trazer alívio imediato, mas deve requerer uma contrapartida arrecadatória.
A medida em si faz sentido e se aproxima das boas práticas globais, mas, como já comentado, possui um timing ruim dada a situação frágil das contas públicas.
Aliás, o cenário fiscal é o calcanhar de Aquiles.
A discussão sobre o fim da desoneração da folha voltou com tudo (ainda bem), mas o debate sobre o uso dos dividendos da Petrobras como compensação só evidencia o improviso.
A reforma tributária avança aos trancos e barrancos, com o risco de virar uma colcha de retalhos de exceções que só aumenta a alíquota média e a complexidade do sistema.
Nesse ambiente, mesmo com o Ibovespa superando os 135 mil pontos e várias ações renovando máximas, o investidor precisa ter cuidado.
A recuperação pode ser verdadeira, mas não é uniforme.
O Brasil está barato?
Apesar de tudo, o Brasil ainda chama atenção.
Com dólar perto de R$ 5,60, inflação acima da meta mas dentro de um patamar ainda razoável historicamente, juros altos e estímulos fiscais temporários, há um cenário com uma assimetria positiva de risco: ou o risco diminui e a bolsa sobe, ou a inflação aumenta e beneficia empresas com poder de repasse de preços.
É como se estivéssemos dançando na beira do abismo, mas com relativo equilíbrio e condições de fazermos uma travessia segura sobre ele.
Para quem investe com disciplina, isso pode ser uma oportunidade.
Se você não quer ficar exposto a ações específicas e prefere uma solução simples, diversificada e eficiente, vale a pena dar uma olhada nos 3 ETFs selecionados pelo Marcelo Fayh.
A calmaria antes da próxima onda?
Aqui no Brasil, Galípolo, presidente do BC, tem surpreendido com uma comunicação mais dura, o que ajuda a segurar o dólar, mas dificulta o crescimento via crédito.
Do ponto de vista político, o radar segue ligado na reforma tributária, no Perse e nas tratativas em torno da taxação de importações até US$ 50. Todos os caminhos levam à mesma dúvida: como financiar todos os incentivos propostos sem quebrar a credibilidade fiscal?
Um recado final
Abril foi um mês difícil. A política externa dos EUA voltou a gerar medo, a economia global esfriou, o Brasil tenta manter o otimismo à base de estímulos e o investidor é quem precisa tomar as melhores decisões sem ter controle sobre quase nada disso.
Mas isso não é motivo para pânico. Ao contrário. É nessas horas que o bom investidor se diferencia. Não por prever o futuro, mas por saber como reagir diante da incerteza.
Como sempre, espero que o Recado te ajude a pensar com mais clareza e investir com mais confiança.
Um beijo no coração de cada um de vocês,